sábado, 15 de outubro de 2011

Ministro do Esporte comanda desvio de verba que iria para crianças carentes, diz revista


Orlando Silva chegou a receber dinheiro vivo dentro de garagem de Brasília, afirma publicação
 
O ministro do Esporte, Orlando Silva, é o mentor e principal beneficiário de um esquema de corrupção que pode ter desviado mais de R$ 40 milhões de um programa que beneficiaria crianças carentes em todo o Brasil, afirma a revista Veja em sua edição desta semana. 

Ministro do Esporte Orlando Silva

Segundo a publicação, que entrevistou um militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) preso no ano passado por suposta participação no esquema, Silva chegou a receber, em uma garagem de Brasília (DF), dinheiro vivo desviado do programa Segundo Tempo - que incentiva a prática de esporte entre crianças pobres. 

O esquema, segundo a Veja, ocorre há pelo menos oito anos e envolve ONGs que, em troca do dinheiro recebido do governo, seriam obrigadas a passar parte dos valores ao PCdoB, que utilizaria a verba irregular em suas campanhas eleitorais. 

As revelações feitas pela revista têm como base a entrevista do militante do PCdoB e policial militar João Dias Ferreira, que foi preso pela Polícia Federal no ano passado e controlava duas das associações que recebiam recursos federais. 

Segundo Dias Ferreira, as ONGs beneficiadas pelo programa Segundo Tempo só recebiam os recursos se repassassem uma "comissão" de até 20% a representantes do partido do ministro do Esporte. 

Questionado por Veja, o policial militar disse que soube, por meio de um dos participantes do esquema, que o próprio Silva recebeu - quando ainda era secretário executivo do Ministério do Esporte - parte dos recursos desviados, em dinheiro vivo. Os valores teriam sido utilizados na campanha presidencial de 2006. 

- Por um dos operadores do esquema, eu soube na ocasião que o ministro recebia o dinheiro na garagem [do Ministério do Esporte]. 

Na entrevista, Dias Ferreira diz que o desvio de dinheiro destinado a crianças carentes começou quando Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal, era ministro do Esporte. Segundo Veja, a Polícia Federal descobriu que parte da verba seguia para entidades ligadas ao político. 

Célio Soares Pereira, que segundo a revista era "uma espécie de faz-tudo, de motorista a mensageiro", seria o responsável por controlar a arrecadação junto às ONGs e repassar o dinheiro ao PCdoB. 

Pereira diz a Veja que, além da ocasião em que repassou dinheiro ao atual ministro do Esporte, esteve "pelo menos outras quatro vezes na garagem do ministério para levar dinheiro". 

- Nessas vezes, o dinheiro foi entregue a outras pessoas. Uma delas era o motorista do ministro. 

O "faz tudo" diz a Veja que, em 2008, entregou pessoalmente a Silva, dentro de uma caixa de papelão, maços de dinheiro desviado. 

- Eu recolhi o dinheiro com representantes de quatro entidades aqui do Distrito Federal que recebiam verba do Segundo Tempo e entreguei ao ministro, dentro da garagem, numa caixa de papelão. Eram maços de R$ 50 e R$ 100. 

Outro lado
Neste sábado (17), em entrevista coletiva no hotel onde os atletas brasileiros estão hospedados para o Pan de Guadalajara, no México, Silva disse que vai mover uma ação criminal contra os dois denunciantes. Ele interrompeu uma reunião com dirigentes esportivos para falar das denúncias.
 
- De repente, um bandido me acusa e eu que tenho de me explicar? 

Para Silva, as denúncias, que vêm à tona durante os Jogos Pan-Americanos, não têm fundamento. 

- Isso não fragiliza o ministério, ainda mais em um momento importante como esse. Não vejo fundamento nelas. 

Silva diz ainda que já conversou com a presidente Dilma Rousseff e que ela o mandou "seguir sua agenda". 

O ministro disse que esteve com Dias Ferreira, apenas uma vez, em 2004, quando acertava o convênio para o programa Segundo Tempo. Silva lembrou que uma auditoria posterior do Ministério Público ordenou a devolução integral do dinheiro.
 
FONTE: Edu Ribeiro, da Rede Record (extraido da Revista VEJA).

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